A paixão de Cássia Eller pela música começou aos 14 anos, quando ganhou um violão de presente e passou a tocar as músicas dos Beatles. Aos 18, morando em Brasília cantou em coral, fez testes para musicais, trabalhou em duas óperas como corista, além de se apresentar como cantora de um grupo de forró. Também fez parte, durante dois anos, do primeiro trio elétrico de Brasília, denominado Massa Real, e tocou surdo em um grupo de samba. Trabalhou em vários bares (como o Bom Demais), cantando e tocando. Mas despontou no mundo artístico em 1981, ao participar de um espetáculo de Oswaldo Montenegro.
A voz grave e o ecletismo musical foram suas principais características. Por isso interpretou canções de grandes compositores do rock brasileiro, como Cazuza e Renato Russo, além de artistas da MPB como Caetano Veloso e Chico Buarque, passando pelo pop de Nando Reis e o rocks clássicos de Jimi Hendrix, Rita Lee, Beatles, John Lennon e Nirvana. Em 1989, a carreira de Cássia decolou, com ajuda de um tio gravou uma fita demo com a canção “Por enquanto”, de Renato Russo. O mesmo tio levou a fita à PolyGram, o que resultou na contratação de Cássia pela gravadora. Sua primeira participação em disco foi em 1990, no LP de Wagner Tiso intitulado “Baobab”. Teve uma trajetória musical bastante importante, embora curta, com algo em torno de dez álbuns próprios gravados no decorrer de doze anos de carreira.
Com a presença de palco marcante e intensa, Cássia Eller tinha preferência por álbuns gravados ao vivo e era convidada constantemente para participações especiais e interpretações sob encomenda, singulares, personalizadas. Outra característica importante é o fato de Cássia ter assumido uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três das canções que gravou: “Lullaby” (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco, Cássia Eller de 1990 (LP com 60.000 cópias vendidas, sobretudo em razão do sucesso da faixa “Por enquanto” de Renato Russo); “Eles” (dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho) e “O Marginal” (dela com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos), no segundo disco, O Marginal (1992).
O ano de 2001 foi o ano bastante produtivo para Cássia Eller: participou do Rock in Rio, fez cerca de 95 shows e gravou o DVD Acústivo MTV. Infelizmente, no dia 29 de dezembro de 2001, Cássia faleceu aos 39 anos, no auge de sua carreira, em razão de um infarto do miocárdio.
Eu Sou Neguinha? (Caetano Veloso)
Interpretada por Cássia Eller
Eu tava encostada ali, minha guitarra
No quadrado branco-vídeo-papelão
Eu era o enigma, uma interrogação
Olha que coisa mais
Que coisa à toa, boa boa boa boa boa
Eu tava com graça...
Tava por acaso ali, não era nada
Bunda de mulata, muque de peão
Tava em Madureira, tava na Bahia
No Beaubourg, no Bronx, no Brás
E eu e eu e eu e eu
A me perguntar:
Eu sou neguinha?
Era uma mensagem, ia uma mensagem
Parece bobagem, mas não era não
Eu não decifrava, eu não conseguia
Mas aquilo ia e eu ia e eu ia e eu ia e eu ia
Eu me perguntava...
Era uma gesto hippie, um desenho estranho
Homens trabalhando, pare, contramão
E era uma alegria, era uma esperança
E era dança e dança ou não ou não ou não
Tava a perguntar:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu tava rezando ali completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo
Totalmente terceiro mundo
Terceiro milênio
Carne nua nua nua nua nua
Era tão gozado
Era um trio elétrico, era fantasia
Escola de samba na televisão
Cruz no fim túnel, becos sem saída
E eu era a saída, melodia, meio - dia dia
Dia dia
Era o que eu dizia:
Eu sou neguinha?
Mas e outras coisas via um moço forte
E a mulher macia dentro da escuridão
Via o que é visivel, via o que não via
E o que a poesia e a profecia não tem mais vez
É o que parecia
que as coisas acontecem
Coisas supreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que o mesmo ciclo que eu tento ler e ser
É apenas o possivel ou o impossivel em mim em mim em mim
e a pergunta vinha:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
http://www.vagalume.com.br/cassia-eller/eu-sou-neguinha.html#ixzz1hw1JhnsE
No quadrado branco-vídeo-papelão
Eu era o enigma, uma interrogação
Olha que coisa mais
Que coisa à toa, boa boa boa boa boa
Eu tava com graça...
Tava por acaso ali, não era nada
Bunda de mulata, muque de peão
Tava em Madureira, tava na Bahia
No Beaubourg, no Bronx, no Brás
E eu e eu e eu e eu
A me perguntar:
Eu sou neguinha?
Era uma mensagem, ia uma mensagem
Parece bobagem, mas não era não
Eu não decifrava, eu não conseguia
Mas aquilo ia e eu ia e eu ia e eu ia e eu ia
Eu me perguntava...
Era uma gesto hippie, um desenho estranho
Homens trabalhando, pare, contramão
E era uma alegria, era uma esperança
E era dança e dança ou não ou não ou não
Tava a perguntar:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu tava rezando ali completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo
Totalmente terceiro mundo
Terceiro milênio
Carne nua nua nua nua nua
Era tão gozado
Era um trio elétrico, era fantasia
Escola de samba na televisão
Cruz no fim túnel, becos sem saída
E eu era a saída, melodia, meio - dia dia
Dia dia
Era o que eu dizia:
Eu sou neguinha?
Mas e outras coisas via um moço forte
E a mulher macia dentro da escuridão
Via o que é visivel, via o que não via
E o que a poesia e a profecia não tem mais vez
É o que parecia
que as coisas acontecem
Coisas supreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que o mesmo ciclo que eu tento ler e ser
É apenas o possivel ou o impossivel em mim em mim em mim
e a pergunta vinha:
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
Eu sou neguinha?
http://www.vagalume.com.br/cassia-eller/eu-sou-neguinha.html#ixzz1hw1JhnsE