segunda-feira, 19 de maio de 2014

Resenha Crítica do Documentário: VOCACIONAL


O documentário recupera a história de um projeto pedagógico sem precedentes – pelo menos de acordo com os depoimentos do filme – na educação brasileira, as escolas vocacionais. Espalhadas em diferentes partes do estado de São Paulo, as escolas pretendiam criar um ensino altamente inovador e experimental, no qual os alunos desenvolvessem a capacidade crítica, bem como as capacidades produtivas necessárias para o exercício pleno da cidadania. Além disso, era pensado como um espaço democrático e aberto a todas as classes sociais. Porém, o projeto não durou muito, tendo começo no início da década de 1960 e encerrado em 1970.
O filme é dividido em duas partes bem características, seguidas por uma breve conclusão. Na primeira parte, o tema é justamente a relembrando a escola. O que se destaca nessas falas é uma forte ênfase afetiva, é difícil não se emocionar com algumas falas. Esse é, a meu ver, o ponto alto do filme. Se existe algo que o processo educativo proporciona é a constituição dessa relação afetiva com o próprio passado, no fundo a escola ocupa um papel decisivo na constituição de nossas subjetividades. E não existe expressão mais forte disso do que a capacidade de recontar a própria vida como um enredo articulado e repleto de sentido. E nesse enredo, a escola costuma ocupar um espaço estruturante.
O problema é que não existe uma preocupação em se distanciar desse nexo afetivo. Na realidade, essas memórias afetivas são utilizadas para construir uma interpretação da realidade educacional. Elas ousaram fazer o que nenhuma outra escola pretendeu, ousaram pensar. Essa singularidade, inscrita em termos propositalmente abstratos e quase metafísicos (pensamento, crítica, saber, etc.), transcorreno conjunto das falas, as quais citam os mais diferentes exemplos práticos: as aulas de artes que estimulavam à criatividade, o hábito de desenvolvimento dos ofícios mecânicos, a utilização da matemática aplicada a situações cotidianas, os trabalhos de campo, o sistema de avaliação baseado numa multiplicidade de atividades, a discussão coletiva dos temas de estudo, entre muitas outras situações. Nessa coleção de exemplos, o espectador acompanha o desvelar de uma instituição fundada sobre o binômio autonomia/liberdade. A escola surge como o local que possibilita o desenvolvimento da autonomia de todos os alunos, cada um a sua maneira, cada um segundo si próprio. E é disso que resulta sua positividade.
Na realidade, o que é necessário é a promoção de disciplinas espontâneas, que são praticadas por todos e interiorizadas por cada um. O que a escola ensina é fundamentalmente a prática de autogoverno, tornando dispensável a existência de uma autoridade exterior responsável pela constante reafirmação das regras disciplinares. E a peça chave disso tudo é o exame, o rigoroso processo de avaliação que perpassa todo processo educativo. Nesse sentido, as escolas vocacionais, longe de qualquer excepcionalidade, foram instituições exemplares na instauração da gramática escolar.
Ao contrário da ênfase colocada no filme, esses projetos de escolas libertárias, democráticas e críticas foram bastante comuns e freqüentes. Para combater os efeitos maléficos dessa escola, sempre vistas como responsáveis pelas mazelas sociais mais amplas, muitos pedagogos e professores elaboraram projetos reformadores que pretendiam corrigir os erros e criar a escola perfeita, ou pelo menos mais eficiente. O que chama atenção nessas propostas é que todas sempre se auto-representaram como escolas excepcionais, que torciam radicalmente a lógica da escola tradicional. Porém, apesar disso, os elementos estruturantes, aquela gramática escolar, permaneceram intocáveis. Nenhuma escola reformada conseguiu, de fato, abolir o ideal disciplinar de autogoverno e da economia de recursos autoritários que organizou a escola moderna.
Ainda assim, é na segunda parte do filme que esse tema da excepcionalidade ganha mais força, para em seguida revelar sua dimensão propositiva e política. Como disse antes, apesar dos bons resultados alcançados pelas escolas, o projeto foi bruscamente encerrado em 1970. Os motivos do encerramento são bastante óbvios, as escolas foram consideradas focos de subversão pelo governo militar. O problema, porém, começou por causa de um fato bastante diverso. Um professor, que não cumprira corretamente suas funções e recebera o aviso de sua demissão, resolveu chantagear a diretora. Caso sua demissão não fosse revista, iria denunciá-la por atos subversivos. Como ela não aceitou a chantagem, o professor realmente enviou as denúncias, dando início ao processo de perseguição que acabaria encerrando o projeto vocacional. Essa relação entre delação/perseguição é central em qualquer regime autoritário. Pequenas disputas acabam extravasando da órbita cotidiana, recorrendo aos mecanismos de repressão mais amplos.
No entanto, não é isso que ganha relevo. O documentário realiza uma conexão muito simples entre a excepcionalidade do projeto educacional com a repressão política. A escola foi perseguida porque ensinava seus alunos a pensar. Essa é a resposta fornecida por todos os entrevistados. E isso tem um sentido político muito claro. No fundo, o que permite essa aproximação é uma crença central ao filme, qual seja a de que a escola é o espaço privilegiado para transformação do mundo. Uma escola tradicional, portanto voltada para a manutenção das hierarquias sociais, é fundamental para um regime autoritário. Uma escola de vanguarda, por outro lado, seria capaz de corroer por dentro esse regime autoritário. O regime militar acabou arruinando aquilo que fora o projeto educacional mais ousado já visto em território brasileiro. E os efeitos disso chegam aos dias de hoje.
Hoje, e isso é outra unanimidade entre os entrevistados, existe uma verdadeira falência da escola pública, bem como a existência de ilhas de excelência no universo das escolas particulares. A conclusão do filme, perpassada por um misto de melancolia, mas também desejo de renovação, é que o Brasil poderia ter sido diferente caso as escolas vocacionais tivessem vingado e se espalhado. Cabe agora, portanto, tentar recuperar um pouco o espírito daquilo que foi abortado. Isso significa, sobretudo, uma reatulização daquela gramática escolar. A única possibilidade de redenção do presente injusto em que vivemos é a criação de uma escola realmente eficaz e poderosa, capaz de transformar nossas mazelas.
Porém, muito mais do que uma suposta cisão entre as ditas escolas tradicionais, ou escolas públicas falidas, e uma suposta escola crítica e pensante, o que vemos é a mesma lógica de funcionamento. Por mais revolucionária que a escola queira se imaginar, ela sempre recupera os mesmos elementos estruturantes na base do seu funcionamento. Nunca houve, por exemplo, uma escola que decidisse abolir totalmente a noção de exame. Ainda possam funcionar de forma bastante flexível, as avaliações sempre aparecem em algum momento do trabalho escolar. É a presença constante desses elementos que possibilitam o cumprimento da função disciplinar que marca a instituição escolar. O discurso da excepcionalidade, portanto, precisa ser compreendido apenas como uma forma de intensificação e aprimoramento do que já está dado e não como ruptura ou avanço. A partir disso, também é possível começar uma desconstrução dessa esperança tão disseminada de que a escola poderá realmente transformar a ordem do mundo.


quinta-feira, 8 de maio de 2014

UMA DOSE DE AMOR...


Faça. Continue fazendo. Mesmo que não percebam a evolução. Continue fazendo. Mesmo que não deem valor as transformações. Faça e faça bem feito, mesmo que por estar tão próximo não sejam capazes de notar.

Tente, se errar, tente novamente. Se pensar em desistir, desista de pensar em desistir e continue acreditando. Quando estiver cansado, respire, se imagine onde deseja estar. Confie. É preciso que alguém mantenha essa confiança e a disciplina te leva a esse estágio. Você precisa confiar em si mesmo, ainda que todos duvidem, ainda que todos desdenhem, ainda que até a pessoa que você mais ama não seja capaz de confiar.
Não espere nada de ninguém. Toda esperança é frustrada SEMPRE.
Faça sem desejar nada em troca. Faça porque te faz bem. Faça porque ao estar colocando em prática te sentes vivo.
Ouse, arrisque, viva. Não deixe que ninguém conquiste o impossível por você. Não tema o desconhecido. Enfrente se preciso for.
Tenha fé, não precisa colocar seus anseios nas mãos de nenhuma divindade, mas mantenha a fé, ela é o canal por onde toda sua força de vontade e todo o seu pensamento positivo circulará.
Seja tolerante com quem é incapaz de lhe entender. Seja rigoroso com seus compromissos. Ao se comprometer, assuma todas as consequências. Lute. Lutar enobrece a alma, fortalece o ser.
Enquanto eles dormem, nós trabalhamos. Enquanto eles se divertem, nós vamos abrindo os caminhos.
Divirta-se, esbalde-se, exercite seu limite. Se preciso for, exagere para descobrir até onde é capaz de chegar, mas faça com consciência. A consciência é a medida que determina o veneno da cura.
Quando tudo isso acabar, pois nada é eterno de fato, perceba, você proveu forças de transformação, não passou em vão por esta existência, registrou algo nesse plano.
Faça seus planos consciente de que a diferença entre o sucesso e o fracasso é o tempo que o fracassado levou para desistir.
Não desista.

Resenha do Filme - Jobs: Um olhar sobre o filme pelos alunos do 9º ano

  Direção:  Joshua Michael Stem Roteiro:  Matt Whiteley Elenco:  Ashton Kutcher, Dermon Mulroney, Josh Gad, Lukas Haas, J.K. Simmons, Lesley...