Eu, Poeta! - Maurício Simões (Maio/1985)

Agora é madrugada e escrevo,
A ânsia, o descanso me rouba,
As palavras, um adereço,
A pena, um instrumento,
Sem enredo,
Até que afinal adormeço.
Gosto.
Quero.
Importa o desdeixo do habitual.
Sonho a olhos abertos me desligo.
Pareço louco, mas sou poeta?
Se assim me chamam, me envaideço,
e logo tempo não passa,
até que faça,
um escrito, e logo o correr das mãos
suadas a levar ao olhar atento
as novas linhas, e novamente
as mãos se estendem, ansiosas,
severas críticas
- Não o compreendo...
- Não sei, me parece...
Não sabem o que dizem,
nem o que eu sinto.
Quero.
Gosto.
Importa meu pensamento.
Eu.
Escrevo, a despeito do mundo (imundo)
Escrevo.
Sou poeta