Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior) novo,
espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia, se ama,
se compreende, se trabalha, você não precisa beber
champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens (planta
recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido pelas besteiras
consumadas nem parvamente acreditar que por
decreto de esperança a partir de janeiro as coisas
mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e
as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados,
começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um Ano Novo que
mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você
que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
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